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terça-feira, agosto 22, 2006

Delírios

Domingo de agosto...
Oito horas, talvez menos...
Não importa...
O cheiro de café me desperta de um sono profundo...
Continuo com os olhos fechados...
A respiração larga e sonolenta,
Submerge minha alma nas lembranças de uma noite única...
Um sono revigorante... ou seria um sonho?
Sinto uma paz única...
Ouço a primeira chuva de agosto cair sobre as telhas secas...
Os pingos batem como notas musicais que se misturam,
Ao som dos pássaros a enamorar na soleira da janela...
Meu rosto sobre seu travesseiro inala seu cheiro único...
O desejo alastra como chamas sobre meu corpo nu...
As pálpebras continuam cerradas...
Receio despertar somente de um sonho...
Eu nem o vi levantar...
Mas o cheiro de café confirma sua presença...
Não é um sonho...
Alongo todo meu corpo, sentindo a pele clamar por suas carícias...
E a porta do quarto se abre devagar...
Meus olhos marejados por uma alegria única se abrem lentamente...
Vejo sua imagem linda como um presente de Deus...
Seu sorriso ilumina minha alma...
A tolha que envolve seu corpo escorrega inocente sobre o chão...
O café quentinho cai como um tônico para um corpo debilmente carente...
Ao sabor dos grãos torrados nossos lábios se encontram...
Brincadeiras de amantes...
O tempo pára, como se nossa história fosse única...
Ah! Meu corpo travesso desliza sob as cobertas...
E seu corpo mergulha nu junto ao meu...
Um resto de friozinho do inverno...
A mente cessa, o momento é único...
Suas mãos correm toda extensão das minhas costas...
Passa por montanhas, se perde entre minhas coxas...
Enquanto minha boca insana e desvairada busca seus beijos...
Pernas entrelaçadas e somos um só corpo num abraço ardente e único...
E me rendo às suas carícias...
Sua boca escraviza meus seios que gritam por socorro...
Seguro firme seus braços sobre sua cabeça, dominando seu desejo urgente...
E cavalgo infinitas pastagens do mistério que me trouxe a você...
Como um vulcão em erupção nosso grito se mistura ao barulho da chuva...
Enfim os corpos se rendem exaustos...
Seus braços entrelaçados ao meu corpo...
O cheiro do café, seu perfume, suas mãos, seu travesseiro, meu corpo nu...
Nossas vidas...




Denia Dutra

segunda-feira, agosto 21, 2006

Dênia Dutra

Meu amor é você!



Folhetins à parte
Mas nossa história tem charme...
Menina moça, cabelos longos, espinhas na cara,
Romaria que diga, velas acesas
O cortejo se estendia, o coração se debatia
O beijo roubado na sacristia...
Pecado não era, desejo tão pouco
Mas o destino insistia,
Ao portão eu corria e o carteiro sorria
Mil cartas selaram aquela tarde de abril
Vestido branco, véu a deslizar sobre o tapete cor de anil
Flores sobre o altar, o sim consumado...
O álbum registrava cenas perfeitas
Um amor de direito, eleito por Deus...
Mel sob lua cheia, caminhamos pela praia
Os sonhos floriam como cachos de estrelas
Mergulhados no êxtase do prazer...
Dois jovens corajosos, trabalho pesado
O dinheiro que vinha, a casa um sonho
E a cegonha não pôde esperar
O filho já tinha tempo para chegar...
Uma linda menina, parecia um anjo careca
De sorriso sapeca, a casa virou uma festa
Mas nem tudo é mel...
Casal se preza discussões se revezam
Opiniões se distorcem
Ciúme palavra que fere, corações que se amam...
O tempo perdoa, a paz se consolida
Mistério da vida, mais uma filha
Flor a enfeitar o jardim da família
Mas a felicidade deixa cicatrizes...
O aborto, uma perda deixou,
Dia mais triste, coração chorou
O caminho passa por curvas
Roteiro impresso no livro da vida...
Entre fraldas e mamadeiras
Canções embalei, estórias inventei
O descanso na rede, sob árvores amei
O desejo mais intenso, o gozo perfeito...
Beijos e carícias, uma nova vida
Um menino, que belo moreno
Cabeça feita, atleta de primeira...
A família se completou, a casa ficou pequena
Desafio lançado, sacrifícios à parte
Tempos difíceis, mas o sonho virou concreto na esquina da vila...
Brincadeiras de crianças, infância perfeita
Noites em claro, doenças de criança eu me formei
Pra escola levei, reuniões de pais participei
Aniversários, quarenta e dois bolos eu fiz...
Trabalho é necessário, filhos são únicos...
Hoje adolescentes, os caminhos se vergam
Capítulos começam a escrever sozinhos
Amanhã serão senhores dos seus destinos...
Uma chama forte vibra sobre minhas lembranças
Autenticando minha missão de compor uma bela família...
Cinco é número forte e preciso
A fé indelével, agradeço a Deus
Vinte anos de história que escrevemos juntos
Homenagem modesta, esta é a nossa vida
E Luis, você é meu amor!