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domingo, outubro 11, 2015

Denia Dutra

Escrever sempre acontece quando menos espero, sentimentos se misturam num jogo de palavras que fluem naturalmente sobre a folha branca. Seja prosa, seja poesia, sejam histórias de personagens anônimos que visitam minha imaginação.

Leia o primeiro capítulo

Sob Julgamento



Parte 1

Dos fatos

Qualquer mulher se apaixonaria por Werner, 
herdeiro de uma fortuna incalculável 
e dono de uma personalidade encantadora.
O que poucos conheciam era sua faceta manipuladora, 
capaz de alterar o destino de todos.



1


     Uma típica tarde de verão. Chuva, sol, chuva. O reflexo do sol batia luminoso sobre o asfalto molhado, e fumaça quente evaporando do chão aumentava ainda mais o calor. A música Satisfaction fazia eu me sentir como uma adolescente no Rock in Concert. Aumentei o volume. Há muito não ouvia Rolling Stones com tanto prazer. Desde o meu casamento, cinco anos antes. Era a primeira vez que enfrentava uma autoestrada. Estranha sensação de suficiência, de uma liberdade perdida ainda muito jovem.
    Já passava das cinco. Werner devia estar preocupado, ou melhor, furioso. A inauguração da galeria estava marcada para as oito horas da noite. Se não fosse o congestionamento logo na saída da cidade, ele já estaria com suas preciosas obras de arte. Relíquias familiares. Quanto poderia valer cada tela?
    Pela primeira vez, no entanto, o plano de Werner falhou. Não havia outra pessoa em quem ele confiasse para buscar na fazenda quatro telas pintadas pelo bisavô, Alfred Haider.
     Eu estava felicíssima ao volante daquela camioneta. E quem diria que não poderia dirigir tão bem quanto seu motorista? O celular tocou. Werner novamente. Havíamos nos falado menos de dez minutos antes. Dessa vez não atendi. Eram tão raros os momentos de privacidade, que, no fundo, eu desejava nunca mais chegar. Poderia fazer um retorno e desaparecer. Por que somos tão responsáveis?
     Comecei a imaginar o que aconteceria se o rosto cheio de cicatrizes de Alfred saísse daquela tela e ficasse ao meu lado. Lembrei-me da história contada pelo velho negro de cabeça branca e bengala, a fisionomia assustada, como se falasse de um demônio:
     — Desculpe, senhora, mas não podemos obedecer. Este quadro está amaldiçoado! O Doutô Alfred levanta da cova na hora e só Deus pra saber o que ele pode fazer com a gente.
     — O senhor conhece Werner. É melhor para a sua família obedecer-lhe. O senhor sabe quais são as consequências. Não temos tempo para ficar imaginando coisas.
     Foi difícil convencer os empregados da fazenda a retirarem as telas penduradas nas paredes desde o início do século. Havia muitas lendas em torno do temido Alfred. Talvez fosse esse um dos motivos
que fizeram Werner pensar muito antes de decidir expô-las.
     Alfred era um excêntrico colecionador, nisso lembrava Werner. Desde sua morte, aos 103 anos, e conforme sua vontade, tudo deveria permanecer no seu devido lugar. Era um homem de atitudes contraditórias. Sua sensibilidade artística se contrapunha à sua personalidade má e obstinada.
Quando a filha mais velha retirou da fazenda alguns objetos de arte, Alfred devia ter se remexido na cova. Um inexplicável acidente a deixou paraplégica. Desde então, dizem que o espírito dele ronda
a casa. Afirmam os moradores que, ainda hoje, ouvem, nas noites de ventania o farfalhar de cipó seco batendo nas costas nuas dos escravos.
     O bisavô de Werner teve várias mulheres e apenas duas filhas legalmente reconhecidas por ele. Sua maior tristeza foi não deixar um herdeiro. Veio para o Brasil com a família, ainda pequeno. Teve
uma infância difícil. Porém, ambicioso, conseguiu ao longo de sua vida adquirir uma fortuna invejável. Muito dessa riqueza veio daquelas águas que eu começava a avistar enquanto o carro deslizava nas encostas íngremes das serras que circundam Rio Azul.
     O sol já começava a se esconder atrás dos morros que iam se abrindo à minha frente. A mais de 100 quilômetros, logo depois de uma curva, uma barreira policial. Freei bruscamente, quase atropelando o policial no meio da pista, acenando para eu parar.
     — Apressada, senhora! Documentos pessoais e do veículo.
     Rotina normal, até que me mandou abrir a carroceria. As telas sobrepostas, separadas por isopor e plástico bolha, estavam bem amarradas para evitar que deslizassem. Desci do carro.
     — Não toquem nisso! São obras de arte de grande valor! —
gritei.
     O policial moreno, franzino, mais para um pré-adolescente, gritou para o colega que se aproximara segurando um pastor alemão.
     — Não posso deixar a porta aberta; a chuva está de lado. São
apenas quatro telas. Pinturas a óleo.
     — Não é o que está parecendo. Traga o cão aqui perto.
     — Isso é brincadeira! Não estão pensando que carrego drogas
aqui dentro, estão?
     — Então por que o nervosismo? A senhora estava em alta velocidade.
     Tentei me interpor entre eles, mas simplesmente alegaram estar cumprindo ordens. Embora as últimas estatísticas registrassem um elevado consumo de drogas na cidade, isso não justificava a
ação absurda daqueles policiais inexperientes.
     Um deles foi cortando o plástico bolha com um canivete. Meu nervosismo despertou-lhes uma curiosidade ainda maior. Como explicar aquele incidente a Werner? A chuva ficou mais forte, o
latido do cão me incomodava e nem vi quando avancei no braço do rapaz. Veio outro com um rifle na mão.
     — Ei, senhora, é melhor cooperar e assim vai ser liberada rapidamente. Do contrário teremos que apreender sua carga para averiguação.
     Não havia alternativa senão ligar para meu marido. Mas, no instante em que peguei o telefone, um carro da Polícia Civil estacionou paralelo ao meu e dele desceu um homem que pensei ser mais um policial.
     — Mas o que está acontecendo aqui?
    Quatro policiais rodeavam meu carro, enquanto outros veículos passavam livremente pela barreira.
    — Deixe a senhorita em paz. Tire este cão fedido daqui. Não estão vendo que ele está latindo de dor? A pata do coitado está sangrando. Quem é o animal aqui? Não sabem diferenciar uma lady
de uma traficante?
     — Mas, doutor… a ordem foi revistar todos os carros com bagagens suspeitas, e o cachorro…
     — Meu Deus, mas o que me arrumam!
    Fiquei olhando para aquele homem com mais de 1,80 de altura, o rosto redondo, cabelo grisalho, cavanhaque bem contornado e a fisionomia mais austera que eu já vira em toda minha vida. O colete justo, pequeno demais para seu tamanho. Ele chamou o policial no canto e gritou:
     — Eu disse e repito que eu cuido disso! Caia fora e nunca mais questione minhas ordens.
Continuei no mesmo lugar, olhando para aquela figura alta e imponente. A chuva cada vez mais forte. A blusa de seda clara colou no meu corpo. Sentia a água fria escorrendo. Meu coração batia descompassado; eu estava tremendo de raiva ao mesmo tempo em que experimentava uma deliciosa sensação de proteção. Enfim, aquele desconhecido me tirara de uma situação constrangedora e as
telas de Alfred estavam intactas.
    — Obrigada, policial, chegou na hora certa.
    — Espere, acho que nos conhecemos — disse ele, olhando fixamente em meus olhos.
   — Tenho certeza de que não! Posso ir? Estou ensopada. — Senti-me impaciente com aqueles olhos negros.
   — É bom se livrar dessas roupas, ou vai pegar um resfriado.
   — Tudo por causa da incompetência do seu pessoal.
  — Concordo plenamente. Mas, com toda experiência policial, nunca me surpreendi com uma mulher tão bonita dirigindo numa rodovia tão perigosa, ainda por cima carregando peças tão valiosas.
   — São telas únicas, muito preciosas.
   — Você que as pintou?
   — Por que pergunta? Que diferença faz? Ou está também pensando que sou traficante?
  — A senhora há de concordar que é um tanto suspeito. Da próxima vez, use uma transportadora, pois talvez eu não esteja aqui para livrá-la. E, com a pista molhada, acontecem muitos acidentes.
   — Não sei se lhe devo explicação, mas saiba que essas telas foram pintadas há mais de século. E por isso valem muito mais do que qualquer quantidade de droga apreendida. Essas relíquias estarão
expostas em poucas horas. Isso se me deixar chegar à cidade.
    Liguei o carro. O homem segurou a porta, ainda olhando fixamente em meus olhos.
    — Estranho, tem certeza de que não nos conhecemos?
    — Absoluta.

II
.... 

(adquire seu exemplar autografado - denia_dutra@hotmail.com)

sábado, julho 04, 2015

UMA VIDA DE SONHOS




Deixei que os versos 

me conduzissem vida afora...
Intermináveis caminhos 
se revestiram de esperança,
numa busca incessante por algo
que me despertasse para a felicidade...
Como se esta,
eterna fosse como as estrelas...
Mas um rochedo de ilusões
neblinou meu olhar
e deixei-me conduzir
por desejos alheios,
sem cor...
Permiti que outros sonhos
habitassem meu corpo...
Não refleti nas esquinas
e me entreguei a rotina,
ignorando que o finito
é máxima da vida,
a certeza incontestável
no tribunal de Deus...
Fui complacente comigo mesma,
assertiva errada,
de desejos incertos
que alma chora em silêncio,
nas madrugadas ritmadas
por pensamentos diversos,
recitados nas vozes d´alma
de um ser solitário
que debruça sobre a vida,
enquanto o tempo adormece
cimentando sobre os sonhos,
flores coloridas...
Poemas imperfeitos
sobre páginas brancas,
soltas,
levadas pelo vento
além desta vida...


Denia Dutra

Poesia - fevereiro/2015

Imagem - desenho - 1983

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domingo, março 22, 2015

NUM PASSADO NÃO MUITO DISTANTE





O livro Num Passado Não Muito Distante reúne em 38 contos, as lembranças de três mulheres fortes e destemidas que viveram a infância nas fazendas do interior mineiro no início do século passado. A alegria era ingrediente principal salpicado por histórias de assombrações, lendas, mistérios, festas, religiosidade e a luta diária do homem do campo. São vivencias comuns à vida dos nossos avôs, histórias que nutrem a saudade dos velhos bons tempos.

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VESTÍGIOS





Negros olhos cerram-se sobre a noite finita,
O sol se deita atrás dos montes verdes, devagar,
Enquanto Deus pinta de rubro a tela de sua criação
Ilustrando assim, o perfeito cenário para a alma do poeta
Que se veste de palavras, para compor o amor, os sonhos, as lembranças
Vestígios migalhados em versos sem rimas
Ao compasso das mãos que correm sobre folhas brancas, solitárias,
Colocando emoções nos sentimentos que fluem em desalinho
Inspirando-se nos retratos vivos de corpos que te negue
De amores que adormeceram antes mesmo de existirem
De sonhos desenhados nas insônias das noites frias
Real mesmo, poeta, somente a inspiração que corre em suas veias
Como sangue que nutre sua alma nômade!

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SOB JULGAMENTO





“Sob Julgamento” propicia uma excitante viagem pela vida de personagens poderosas e determinadas a alterar seus destinos em prol da felicidade, do poder e da sedução. Esta é verdadeira história do excêntrico milionário Johann Werner Haider.

 Ele foi casado com Vanda, idealizadora do projeto de restauração e revitalização da cidade antiga de Rio Azul, fundada pelos europeus no final do século XVIII. Após a morte misteriosa de sua esposa, Werner casa-se com a cunhada Valéria. No entanto, Valéria jamais conseguiria ocupar o lugar da irmã, embora vivesse ao lado do marido as glórias daquele sucesso. Qualquer mulher se apaixonaria por Werner, dono de uma personalidade encantadora e manipuladora, capaz de alterar o destino de todos que com ele convivem.

Após anos, as personagens envolvidas com a sedutora Vanda se reencontram. Vanda está presente em toda a história, seu passado vai se revelando de forma inesperada, interligando a vida de todos."

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segunda-feira, março 16, 2015





"O leitor que gosta de romance, com uma narrativa envolvente e cativante vai se interessar pelo livro Sob Julgamento, lançado pela Editora Pandorga. A obra escrita pela advogada brasileira Denia Dutra, propicia uma viagem pela vida de personagens poderosas e determinadas a alterar o destino em prol da felicidade, do poder e da sedução.

A história é sobre o excêntrico milionário Johann Werner Haider. Ele foi casado com Vanda, idealizadora do projeto de restauração e revitalização da cidade antiga de Rio Azul, fundada pelos europeus no final do século XVIII. Após a morte misteriosa de sua esposa, Werner casa-se com a cunhada Valéria. No entanto, Valéria jamais conseguiria ocupar o lugar da irmã, embora vivesse ao lado do marido as glórias daquele sucesso.

“Quando me casei com Werner, não tinha noção de suas posses, de como era sua vida. Achava que estava casando com meu brilhante professor e ex-marido de minha irmã, não com um desconhecido. Logo descobri que Werner não era o homem que eu imaginava.”

Qualquer mulher se apaixonaria por Werner, dono de uma personalidade encantadora e manipuladora, capaz de alterar o destino de todos que com ele convivem. Após anos, as personagens envolvidas com a sedutora Vanda se reencontram.

A história apaixonante vai revelar em cada capítulo segredos inesperados, interligando a vida de outros personagens. Com 330 páginas, Sob Julgamento certamente será um dos livros preferidos do leitor. Aquele que se faz questão de deixar à mostra na prateleira."

http://biolivros.blogspot.com.br/2015/03/noticia-uma-historia-sob-julgamento.html#.VQeTydLF-Fx

quarta-feira, fevereiro 18, 2015




Vestígios, amor, sonhos e lembranças
Poetisa e escritora: Denia Dutra
                              www.facebook.com/denia.dutra

terça-feira, fevereiro 17, 2015

Carnalegria



Nessa festa de cores e formas
Alguns desfilam fantasias de luxo
Pedrarias coloridas, cristais e brilho
Outros, nos seus passos sincronizados
Registram no chão da passarela, glamour e sedução
A felicidade contagia arquibancada
De uníssono louvor à alegria
Todos no mesmo verso do compositor
Que conduz multidão enlouquecida
A chuva que cai, o sol que nasce
Espectros de um espetáculo que suplanta as diferenças
Todas as cores se misturam, serpentinas pelo ar
Emoções indescritíveis
Pena que tudo acaba numa quarta de cinzas...


segunda-feira, fevereiro 16, 2015

LIVRO DE POESIAS: VESTÍGIOS



Vestígios, amor, sonhos e lembranças

Poetisa e escritora: Denia Dutra
                               https://www.facebook.com/denia.dutra

Pedidos pelo e.mail: denia_dutra@hotmail.com

sábado, fevereiro 07, 2015

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/5129367

Livro: NUM PASSADO NÃO MUITO DISTANTE

O livro Num Passado Não Muito Distante reúne em 38 contos, as lembranças de três mulheres fortes e destemidas que viveram a infância nas fazendas do interior mineiro no início do século passado. A alegria era ingrediente principal salpicado por histórias de assombrações, lendas, mistérios, festas, religiosidade e a luta diária do homem do campo. São vivencias comuns à vida dos nossos avôs, histórias que nutrem a saudade dos velhos bons tempos.

Pedidos podem ser feitos pelo e.mail: denia_dutra@hotmail.com

Do livro de poesias - Vestígios




O livro VESTÍGIOS - amor, sonhos e lembranças está a venda com entrega para todo o Brasil , adquira o seu pelo e.mail: denia_dutra@hotmail.com. 

domingo, janeiro 18, 2015

II Antologia - Poetrix, Poesia, Prosa - Prêmios Pórtico - 2001




FONTAINE

Belo Horizonte, quinta-feira, treze e vinte cinco.
            Um longo congestionamento na Avenida Afonso Pena. Retorno às aulas e o trânsito se torna ainda mais caótico no centro da cidade. Uma mistura de carros, ônibus e pessoas na corriqueira agitação de uma capital. Olhando de cima, um cenário totalmente perturbador. Segundo analistas, o trânsito nos grandes centros urbanos é uma das maiores causas de estresse do homem contemporâneo.
            Fernando e Jorge Augusto voltavam do almoço, quando na entrada da garagem do prédio onde trabalhavam, Jorge Augusto freou bruscamente ao contato com uma mulher que pulou na frente do carro.
            - Uma louca depois do almoço, vai me dar congestão! - disse Fernando ao amigo enquanto esse descia apavorado, socorrendo a mulher que jogada ao chão permanecia imóvel.
            A pele morena num vestido de seda colorida e sandálias de couro. Era uma daquelas mulheres que agarravam as mãos das pessoas no meio da rua, querendo ler a sorte.
            - Está bem? Machucou-se? Será que não viu o carro? Você pulou na frente do meu carro, se está querendo morrer, pule na frente de um ônibus – disse ele mostrando a fila de ônibus e carros parados atrás do seu carro que impedia o fluxo normal, congestionando ainda mais o trânsito.
            Silenciosa, aquela desconhecida ficou olhando para ele, num olhar profundo e compenetrado. Irritado, ele a segurou pelos braços, levantando-a. Uma pequena multidão logo se aglomerou no local, enquanto dois policiais desviavam os motoristas.
Naquela confusão, a misteriosa mulher segurou com firmeza as mãos de Jorge Augusto levando-as aos seus robustos seios.
            - Eu estava procurando você! Eu estava procurando você!
            - Ei policial, não vê que se trata de uma louca! - disse Fernando, puxando o amigo que parecia hipnotizado por aqueles olhos negros.
            Jorge Augusto entrou no carro automaticamente, enquanto o policial afastava as pessoas.
            - Meu amigo, o que foi isto? Uma cigana pula na frente do seu carro, oferece a você os seios e você quase baba! Talvez se der um bom banho naquela mulher, quem sabe! Tem um rosto expressivo! O que acha?
            Jorge Augusto sentia-se como se as veias do pescoço fossem explodir. Afrouxou a gravata, sentia náuseas, pensou que ia desmaiar naquele instante que colocava o carro na mesma vaga, algo que fazia a mais de quinze anos. Uma puxada para a esquerda e risca toda a lateral do carro na pilastra de cimento cinza.
            - Jorge Augusto o que você tem? Tudo por causa de uma maluca? Ela está viva, não teve nem mesmo uma escoriação. Olhe para o que você fez com o carro!
            Fernando desceu do carro, correu os olhos na nova BMW preta, enquanto o amigo foi em direção ao elevador, como se nada houvesse acontecido.
            - Jorge Augusto olhe para seu carro, volte aqui! Você arregaça o carro e faz de conta que nada aconteceu? Se não o conhecesse diria que aquela mulher mexeu por demais com você! Jorge Augusto, eu estou falando com você! O que há? Está bem, cara, você está pálido!
            Jorge Augusto jogou a cabeça para trás como se lhe faltasse ar.
             - Eu também queria ter colocado as mãos nos seios daquela mulher, ela deve ser de outro planeta para fazer você ficar tão estranho! Isto tudo é carência? A patroa não está dando conta do recado?
            Jorge Augusto era diretor financeiro de uma importante multinacional, foi eleito pelos colegas, o mais brincalhão entre todos os dirigentes da empresa. Há menos de vinte minutos atrás, estava contanto piadas em inglês para o grupo alemão e naquele instante entrava no elevador extremamente transformado. Não dissera nenhuma palavra, para o desespero do amigo que não conseguia entender o que se passava.
            - Jorge Augusto, você está me assustando! Estou preocupado com você! Aquela mulher mexeu tanto assim com você? Fale alguma coisa cara! Ela está viva, o carro nem chegou a tocá-la. Pensando bem, se ela queria chamar sua atenção, conseguiu em demasia! Não era o tipo de mulher que atrai um homem como você, os cabelos longos, já imaginou as pernas dela debaixo daquela roupa, uma mata Atlântica! Jorge Augusto está me escutando? Você está tendo um enfarte?
Ele nada respondeu, mas via-se que não era um enfarte. O elevador demorou mais que o normal. Nunca havia percebido quanto tempo se perdia naqueles oito andares. Jorge Augusto parou ali.
-          Se cuida cara, até parece que viu a morte!
Nem mesmo o ar condicionado podia aliviar o calor que exalava de seu corpo. Ajeitou a gravata, o terno azul escuro, andou pelo corredor num silêncio que incomodou os que por ele passaram. Até que enfim entrava em sua sala, local que passou a maior parte do seu tempo, isto por quase meia vida.
            O toque na porta, a mesma secretária, há mais de doze anos. Estava cansado de ver aquele mesmo rosto todos os dias, não poderiam deixá-lo em paz nem por um minuto?
            - O contrato que o senhor me pediu, podemos revê-lo agora?
            Ele fez o sinal de negativo, acenando para que ela se retirasse.
            Marilda saiu dali um tanto sem entender o que poderia estar acontecendo.
            - Fernando o que aconteceu com o doutor Jorge Augusto?
            - Ele bateu o carro.
            - Não é a primeira vez que ele bate o carro! Eu perdi meu almoço para redigir estes contratos urgentes e ele chega completamente alienado?
            - Descerei aí daqui a pouco para conversar com ele. Deixe-o sozinho por um tempo. Isto é um mau sinal, é stress! Nosso futuro garota está nas mãos dele.
            Jorge Augusto trancou a porta, tirou o telefone do gancho, colocou o terno sobre a poltrona, como sempre fazia. Entrou no banheiro, ficou parado de frente ao espelho, o rosto pálido, talvez fosse o cansaço, mais de três anos sem férias e o mais importante negócio de sua vida. O futuro da empresa estava em suas mãos.
Ele era o único que poderia fazer as negociações com o grupo alemão, tinha que convence-los a um negócio que os próprios dirigentes sabiam que era inviável. Com todo seu know how era o único capaz de livrar a companhia de uma falência. Muito dinheiro estava em jogo. Se fosse um sucesso seria conquista da empresa, do contrário seria seu fracasso.
            Mas não eram os alemães que o perturbava e sim a imagem daquela mulher que ia se tornando mais nítida a cada instante, consumindo seus pensamentos. A ânsia de vômitos, ele se sentia tonto, talvez uma intoxicação alimentar, mas improvável, o restaurante era um dos melhores e mais tradicionais de Belo Horizonte.
            Reorganizou os papéis sobre a mesa, cerrou as persianas, onde o sol já começava a bater. Nunca parou frente àquela janela olhando a rua lá embaixo. Era um homem muito ocupado e como sempre frisava para seus subordinados, que cada minuto vale ouro.
            Jorge Augusto começou a observar o movimento de carros e pessoas. De onde estava podia ver do outro lado da avenida, a tal mulher. Quantos anos? Talvez trinta. Sentada no calçadão, lia a mão de algum curioso. Sentiu quando ela levantou os olhos para cima, parecia estar lendo seus pensamentos, que de ímpeto se afastou da janela de vidro escuro.
            O coração batia mais rápido, soltou a gravata, um calor subia pelo seu corpo, deixou-se cair na poltrona puxando-a para perto da janela. Ficou olhando oito andares abaixo, quase que em miniatura, para uma mulher de um olhar ofuscante, cabelos em desalinho, longos até a cintura, pele bronzeada pelas ruas do mundo. As sandálias de couro, desprovida de qualquer vaidade. Uma cigana, uma feiticeira, ou simplesmente uma mulher que num instante conseguiu balançar o eleito pelas inúmeras amigas, o homem mais simpático.
            - Jorge Augusto é a última chance ou vamos arrombar esta porta!
            Até mesmo eu ficaria preocupada com aquele homem, parecia estar sentindo mal. O suor escorria sobre seu corpo.
A maior conquista da sua vida estava em jogo e ele trancafiado numa sala, sem qualquer indício de vida.
            - Doutor Jorge Augusto, o Mr Johnson Herman já ligou várias vezes. Os contratos precisam ser revistos. O Doutor Alfredo está esperando para a reunião das quatro horas.
            E nada! Como aquela voz o perturbava, como suportara por tantos anos aquela mulher. Jorge Augusto parecia distante daquelas vozes ansiosas. O que estaria ele pensando? O mal estar estava passando. Um desejo indescritível de ver aquela mulher, de olhar para ela. Era como se a conhecesse. Casado há mais de dezoito anos, nunca foi um santo, mas apesar das tentações nunca traiu a esposa. Por que não poderiam deixá-lo em paz!
            Abriu a porta para o alívio de todos.
            - Agora não!
            Entrou no elevador até o segundo andar, onde ficava a segurança da companhia. Através de um binóculo pode vê-la mais de perto. A misteriosa mulher levantou-se de onde estava há mais de três horas sentada numa única posição, parecia inerte ao mundo, às pessoas que transitavam por ali. Passou sensualmente as mãos sobre o corpo, como se soubesse que estava sendo observado por alguém, cruzou os braços sobre os seios, libertando-os, levantando-os para cima, como quem busca alguma força do alto, levou os braços para frente, o sorriso bem nítido em direção a Jorge Augusto.
Um frio correu-lhe a espinha. Aquela mulher sabia que ele estava por detrás daquelas vidraças escuras, sendo consumido por um desejo infinitamente inexplicável.
Fernando chegou atrás dele:
            - Ei cara, o que está acontecendo? Largue este binóculo! É aquela louca do outro lado da rua, é ela? Você está traindo Anita? Só eu para não perceber isto? A mulher jogou-se contra seu carro! Ah meu Deus! Isto não é bom para a companhia!
-          Eu nunca vi antes aquela mulher, mas é como se eu a conhecesse.
            - A paixão é linda! Mas antes pelo amor de Deus, volte à realidade, cara! Nossa cabeça está em jogo!
            - Não estou em condições de participar de nenhuma reunião hoje!
            - Brincadeira! Parece que não conhece a situação dessa porcaria! Até se você morresse nós mandaríamos seu corpo vir para participar da reunião. Não foi por acaso que escolheram você para esta negociação, se cair fora agora estamos falidos!
            - Dez minutos, eu volto já!
            - Jorge Augusto não pode fazer isto...
            Fernando segurou seu braço e Jorge Augusto, bem mais forte que ele, o empurrou ao chão.
            - Droga! Me deixem em paz!
            Jorge Augusto sentia-se dentro de uma garrafa de champanhe, preste a explodir. Desceu correndo pelas escadas de serviço. Atravessou a rua entre os carros até o canteiro central, de onde ainda podia vê-la do outro lado. Mas ao atravessar a outra pista, ela não mais estava entre as centenas de pessoas que corriam de um lado para o outro.
            Jorge Augusto olhou em volta, tudo em vão. Um pingente no chão, FONTAINE. Teve certeza de que este era o nome dela. Segurou-o contra o peito, sentindo novamente aquela sensação de tontura. Acenou para o táxi.
- Preciso encontrar uma mulher!
- Pois não doutor, diga o endereço!
            A noite começou a cair quente e barulhenta. Jorge Augusto pensou que o calor deveria estar corroendo seu cérebro. Permaneceu por mais de quatro horas rodando as ruas adjacentes e nem um sinal dela.
            - Achar alguém a pé neste horário, é como achar uma agulha no palheiro. Eu sei companheiro que o senhor quem está pagando, por mim, tudo bem. Mas já passamos por esta avenida umas dez vezes!
            O taxista o deixou na entrada do condomínio onde vivia há menos de dois anos com a família. Muitas vezes desejou caminhar ali, foi visando isto que mudaram para aquele lugar cercado de muito verde, onde excêntricas estruturas físicas se projetam magníficas ao longo da rua principal. Agora o fazia, olhava distante para as pessoas que passavam por ele.
Nunca tivera tempo para observar aquele cenário. Quanto dinheiro estariam por trás daquelas mansões? Para que tudo aquilo? Era um luxo frio, conquistara ao longo da vida tudo que desejou e agora estava sozinho. Talvez Marisa tivesse razão, estava precisando de umas boas férias.
            A casa parecia deserta. Demorou até lembrar-se que a esposa e filhos estavam viajando, desta vez para onde mesmo? Sentiu-se aliviado por isto. O telefone não parou de tocar, tirou o telefone do gancho. Uma noite só para ele, precisava recuperar as energias, não compreendia o que poderia estar acontecendo, mas sentia-se mais leve.
            Tirou a roupa e pulou nu na piscina. A primeira vez em cinco anos que entrava na piscina, sempre o trabalho a consumir até os momentos de lazer.
A lua cheia, o silêncio, um prazer que exalava na imagem daquela mulher misteriosa. Daria a vida para encontrá-la naquele instante.
            A garrafa de uísque, a casa parecia pequena demais para conter sua inquietude. Sentia-se estranho, atordoado, tentava ordenar os pensamentos, entender o porque daquele sentimento nunca antes sentido. Desde a hora que vira aquela mulher, sentia que uma nova vida surgia dentro de si, ou era apenas alucinação.
            O êxtase de uma subida felicidade! Nu sobre o tapete da sala, ele adormeceu em seguida, tão logo o sonho.

            Numa roupa de militar de alguma região do mundo não identificada. Possuía os mesmos traços que os atuais. Alto, os cabelos castanhos, os olhos verdes, talvez um pouco mais magro, a fisionomia austera e má.
A mulher misteriosa surgiu bem mais jovem e bonita, totalmente nua. Era uma criança. Talvez uns doze anos. Ele passou a arma no corpo daquela menina de olhar assustado e lágrimas nos olhos. Tirou então as luvas negras e alisou cada centímetro daquele corpo frágil. Os seios virgens, ela suplicou-lhe para que não fizesse aquilo. Quanto mais tentava se esquivar mais a desejava.
            O cabelo curto, a pele clara, os grandes olhos negros. Ao redor da sala, armas, animais empanados, livros em desordem. Ele a puxou bruscamente pelos cabelos e a amarrou contra a pilastra no centro da sala. Saliva quente e ela lhe morde a língua quando a beija. O sangue jorrou farto. Ele gritou, os homens entraram na sala e levaram a garota.
            Jorge Augusto acordou quando em sonho viu as chamas consumindo o corpo não daquela garotinha, mas daquela mulher misteriosa.
            Um grito estridente, o sêmen sobre as coxas, o corpo transbordando de suor.
            - Eu enlouqueci! Eu enlouqueci!

            Nada o fez tirar aquelas cenas tão nítidas de seus pensamentos. A noite parecia eterna. Eram quatro horas da manhã quando chegou ao escritório naquela sexta feira. Sentado perto da janela podia ver os primeiros raios do sol a iluminar a sala em tons suaves. Nunca tinha observado duas telas que ganhou de um artista argentino. Era por demais abstrata, mas naquele momento conseguia ver o rosto daquela desconhecida estampada nas formas indefinidas.
Eram cinco e trinta quando olhando pela janela a viu no mesmo lugar do dia anterior. Por segundos não a viu chegar. Estava sozinha, a rua ainda estava deserta. Algumas poucas pessoas começavam a transitar por ali.
Ela olhava fixamente para ele que se mantinha a observando pela fresta da cortina. Jorge Augusto sentiu algo gélido correr suas veias. Uma força mais intensa que sua sóbria consciência.
            - Jorge Augusto, graças a Deus que está aqui! Deixou seu carro na garagem e desapareceu, o porteiro não viu você entrar no condomínio ontem à noite. Eu pensei que algo tinha acontecido, você nunca agiu desta maneira! Jorge me desculpe, mas sua família está de volta. Chegamos a pensar que fosse seqüestro, ou qualquer coisa parecida!  O que tem a falar?
            - Não tenho nada para falar, agora me deixe só! – permanecendo indiferente de frente para a janela.
            - Você deve ter enlouquecido! Jorge Augusto a reunião de ontem foi cancelada, por sua culpa! O presidente nos deu o prazo máximo até amanhã às quinze horas, do contrário vai abrir valência. Já pensou que nosso trabalho de mais de quatro anos estará por água abaixo e os milhões de investimentos, todos por este projeto.
            Jorge Augusto parecia não ouvir, não mexia nenhum músculo.
- Estou falando com você! Se não convencer aqueles alemães nazistas a se tornarem sócios desta droga, estaremos numa encrenca do tamanho do diabo! Uma auditoria e podemos ser presos! Temos reunião às dez horas
            - Tem um remédio para enxaqueca?   
            - Você andou bebendo? Está com uma cara horrível. Tome um banho, troque esta roupa. O que poderia ser pior? Você descobriu que tem câncer e vai morrer daqui uma semana?
            - Preciso só de meia hora. Depois subo para a reunião.
            - Desculpe-me se estou sendo egoísta, mas você conhece melhor nossa situação.
            Jorge Augusto trancou a porta, pegou o binóculo para vê-la mais nitidamente. Estava usando a mesma roupa do dia anterior, um vestido longo estampado. Encostada na parede de um prédio antigo continuava olhando em sua direção.
            Um arrepio percorreu-lhe o corpo. Aquilo não poderia continuar acontecendo. Queria ir até ela, ao mesmo tempo, sentia um medo, um receio, talvez o desejo de possuí-la.
            - Doutor Jorge Augusto, a reunião, tem que subir imediatamente, todos estão esperando o senhor!
            A reunião, sim a reunião. Marilda falou alto, unas três vezes, até que ele sai da sala, numa camiseta pólo azul. Ela correu atrás dele entregando-lhe o blazer preto.

            Dez homens sentados numa mesa oval. Jorge Augusto mal cumprimentou aqueles homens que no dia anterior encantou com a receptividade e poder de convencimento do diretor financeiro.
            Jorge Augusto estava indiferente, introspectivo.
            - O que acha Jorge Augusto?
            - Não estou me sentindo bem! Me desculpem senhores, tenho que me retirar!
- Mas que hora? – disse o presidente da companhia num olhar de total
reprovação.
O que aquele velho queria mais dele? A vitória não seria consagrada a ele? O
velho foi atrás de Jorge Augusto.
            - Se sair daqui agora, sinta-se despedido! Eu arruíno você, seu desgraçado!
            Jorge Augusto voltou-se para os homens sentados à mesa.
- Na realidade estes números não representam a realidade desta companhia! O mercado tem caído consideravelmente nos últimos anos, estou cansado de vender mentira só para enriquecer o bolso de alguns miseráveis... Comprem se quiserem!
O que estava fazendo? Por que falava daquela maneira? Não era sua voz, não era Jorge Augusto.
            Fernando ainda foi atrás dele, e todos completamente surpresos com a atitude do homem mais importante desta companhia.
Jorge Augusto desceu o elevador. Olhava para o pingente com o nome gravado. Mais uma vez se arriscou no meio daqueles carros, mas ela não estava do outro lado da rua. O céu acima dele escurecera rapidamente. Viu quando o carro da esposa entrou no prédio. Tudo o que menos desejava era dar explicações que nem mesmo ele compreendia. Acabava de arruinar a vida de sua família. Mas isto parecia não ter importância.
            O vento forte espantava as pessoas das ruas. Voltou a garagem do prédio, pegou o carro. Começou a andar envolta do quarteirão. Ela tinha que aparecer. Desejava vê-la mais que qualquer outra coisa no mundo.
            Fontaine, nada era mais importante que estar com ela.
Uma esquina à frente, estava ela acenando para seu carro. A chuva forte começou a cair, parou a menos de um metro dela, via uma linda mulher, o vestido claro, colado ao corpo mostrava que ela não usava absolutamente nada por baixo, o sorriso mais sensual que vira em toda sua vida. O explodir de um desejo totalmente incontrolável.
            Ele abriu a porta do carro. Olhou para ela bem de perto. A mesma sensação de que já a conhecera antes.
            - Estava esperando por você.
            - Quem é você Fontaine?
            - Quem fomos nós doutor Jorge Augusto?
            - O que quer de mim? Por que pulou na frente do meu carro? De onde você veio?
            - Aos céus não questiona quem somos. Agora somos o presente e tudo isto é o que importa. Vamos! – sua fala saía pausada, vibrante. Não disse nada mais.
            Era uma ordem, uma cumplicidade de pensamentos. Dirigindo contra a chuva forte andaram alguns quilômetros fora da cidade. A mulher desceu do carro, tirou o vestido, ficando completamente nua. Jorge Augusto desceu do carro, aproximou-se dela. E ela tirou-lhe toda a roupa.
            - Hoje você é meu escravo!
            Puxou-o contra seu corpo, beijando-o com fúria, mordeu-lhe a língua. O sangue jorrou farto, mas o prazer era mais intenso que a dor. Ele jogou-a sobre a terra úmida penetrando-a com um louco desejo tão desesperado como as cenas que vinham e iam ao seu cérebro.
            Debochada ela começou a rir bem alto, enquanto ele não conseguia parar com aqueles movimentos sobre o corpo daquela mulher, ou era o corpo de uma menina que ele via?
            Ela olhou para o céu, a chuva cessou tão rapidamente como começou. Sussurrou algumas frases numa linguagem que não pude identificar. Vi quando ela o puxou para dentro do carro, completamente nus.
Ela no volante. Jorge Augusto parecia hipnotizado, quando o carro atingiu a velocidade de cento e noventa quilômetros.
            O caminhão inflamável logo à sua frente, o carro na contra mão e o grande clarão que iluminou aquela noite que acabava de nascer meio tímida pela chuva de verão.
            Testemunhas juram ter visto a mulher no volante, mas encontraram apenas restos de uma pessoa, que após teste, era de Jorge Augusto.
E intacto sobre as chamas, o pingente. 
            A lua cheia imperou sobre a noite, apagando todos os vestígios da chuva. Uma energia vibrante e indescritível conduziu todos a várias interrogações.

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Denia Dutra - 2001
5º Lugar - Categoria Conto